Letónia

Deixando, com grande pesar, a Lituânia chegou a altura de partir para novos horizontes. Começando na vila de Bauskas, assim se atravessa a primeira fronteira chegando-se á Letónia. E nada como uma magnânima e algo francesa receção, com a visita do palácio de Rundāles. Um palacete de verão dos antigos fidalgos da região com um estilo incrivelmente semelhante ao palácio de Versailles, com as suas imensas salas adornadas, belos e arranjados verdejantes jardins com flora e fauna diversa dando mais vida e cor ao palácio em si, salões para eventos tão bonitos e decorados que daria pena de usar e sujar e, claro, os quartos reais que embora humildes não deixam de impressionar.

Com ruas estreitas, coloridas, caóticas e numa atmosfera animada se chega a Riga, a capital da Letónia. Uma cidade, a meu ver, mais atraente do que Vilnius com toda a sua envolvência germânica, medieval e soviética (tudo em simultâneo). Uma cidade, e país, que por muitas vezes perdeu a sua independência com países vizinhos, e\ou devido às grandes guerras, mas que orgulhosamente e com muita luta a conseguiu reconquistar. Apesar do seu castelo, hoje usado como o parlamento, se parecer ironicamente como uma prisão, o que se destaca mais são as suas imensas igrejas e catedrais, ora por apresentarem imensas cores distintas, ora pela principal se destacar tanto pela sua torre azulada – torre esta que é sempre usada como ponto de referência para qualquer pessoa que se perca pelas estreitas ruas de Riga.

Uma cidade acolhedora e com muita vida, dando quase vibes mais ocidentais. Nomeadamente na parte do antigo forte sueco que nos dias de hoje fora conquistada por imensas esplanadas e bares onde o tempo parece parar. Mas obviamente também se pode contar com histórias caricatas, sendo a desta cidade acerca da casa dos gatos. “Reza a lenda” que o arquiteto do edifício em questão tendo ficado chateado por não ter sido aceite numa espécie de ordem maçónica decidiu pôr dois gatos no telhado com o rabo apontado para a sede da ordem, mas… os anos passaram assim como os seus governantes e o edifício da ordem passou a ser um edifício do governo (soviético), o que fez que com ordens judiciais fossem levantadas e os gatos tiveram de se virar para outra direção. Poderão ouvir todas estas histórias (e mais) no fabuloso free city tour.

Apesar de ser um país em que pouco mais de metade é natureza em cru (fazendo este o maior importador de madeira do IKEA) detém o recorde de mais prédios em arte noveau (pelo que percebi arte com grandes alusões á natureza através de relevo 3D incrivelmente trabalho) e, agora infelizmente, detendo o segundo maior órgão de igreja.

Mas obviamente, tanta passeata desperta o estômago de qualquer pessoa, por isso nada como ir experimentar iguarias nacionais e regionais no seu imenso mercado municipal. Num espaço de segundo parece que nos teletransportamos de uma zona têxtil imensamente colorida, para uma zona cujos odores ora doces, ora salgados, ora frescos, ora marinhos enchem a atmosfera que nos rodeia – por outras palavras, uma boa pausa.

Altura de então ver o meio rural do país, e bem… uma visão tão pura e esbelta que parece artificial. Densos bosques nos rodeiam onde qualquer um tenta a sua sorte de encontrar veados ou mesmo ursos, sendo apenas interrompidos ora por campos infinitos verdejantes e incrivelmente aparados, dando a ilusão de parecerem aveludados, ora por infinitos campos dourados de trigo.

Cēsis, uma acolhedora, pacífica, bela e ornada aldeia no coração rural da Letónia. Uma paragem interessante dando para conhecer as origens humildes deste país através das suas coloridas, bem conservadas e grandes casas em madeira – quase dando um toque algo viking\nórdico à aldeia. A complementar encontram-se os restos do seu grandioso castelo, que embora apenas partes dele estejam de pé farão qualquer um imaginar como teria sido a vida dos antigos fidalgos\soberanos da região.

Com 2 em 3 países visitados nesta bela região europeia chega a vez da Estónia. Onde mais uma vez se tem uma receção surrealmente linda tal como vista na Letónia: densos bosques, campos verdes aveludados e campos dourados.

Sendo verão uma paragem para um mergulho torna-se algo necessário e imprescindível!! Com o azimute bloqueado se chega á cidade de Parnu, uma bela e típica cidade sazonal com longas praias seguindo a baía formada pela Letónia e pela Estónia. Embora com areia algo acastanhada parecendo vindo de um local de obras, a sua água é quentinha e rasa por muitos metros a fim.